quinta-feira, 9 de maio de 2013

Pegação em banheiro público: "onde houver gay, haverá banheirão"


Era uma tarde de sábado quando Jorge Camargo*, 30 anos, e Francisco foram ao cinema em um shopping paulistano. Chegaram pouco antes, compraram os ingressos e conversaram um tempo na cafeteria. Jorge sentiu vontade de ir ao banheiro. Francisco esperou.

Lá dentro, Camargo fez o de costume e aproveitou para lavar o rosto e arrumar o cabelo - e algo inesperado aconteceu. "Percebi, pelo espelho, que um cara de óculos estava me encarando do mictório. Devolvi o olhar - e aí ele me mostrou um pau enorme!".

Se Jorge ficou tentado? "Não vou mentir. Fiquei - mas desistimos porque, além de eu estar acompanhado, houve um barulho na porta e um segurança do lado de fora". Hoje, o mesmo banheiro exibe uma placa onde se lê "A prática de ato obsceno em lugar público, aberto ou exposto ao público, é passível de pena de detenção de três meses a um ano". O artigo é o 233 do Código Penal.

Não é o único que pode dar cadeia. "Há o artigo 214 - atentado violento ao pudor, por exemplo, ou o 218, de corrupção de menores. Tudo depende da situação fática. Eram dois homens? Era perto de escola? Havia um maior e um menor?", explica o advogado José Louis Fonseca, 27.

Na verdade, não era a primeira vez que Jorge se via cara a cara com a "linha banheirão", como se diz popularmente: "Ia muito num banheiro público de praça, mas depois a Guarda Civil começou a baixar e parei".

O motivo? "Uma vez, vi muita coisa num shopping da Zona Leste. O chão era de mármore preto, e dava pra ver tudo que acontecia na outra cabine! Mas sempre tive medo de ser pego por guarda, segurança".

Maurício Stefano*, 26, foi pego. Do banheirão, ele seguiu com o ficante para a escada de incêndio de um shopping na Zona Norte: "Ele fugiu pro andar de cima. Os seguranças me acompanharam até a porta, pediram meu RG [...], anotaram e disseram que eu só voltasse se fosse fazer compras".

"Primeiro, é preciso definir banheirão", analisa o jornalista Deco Ribeiro, 36. "É apenas sexo no banheiro, ou envolve toda a pegação, o olhar, mostrar o pinto, a masturbação mútua, o convite pra cabine? E vale banheiro de boate ou só banheiros mais sérios, como de shoppings ou parques? Eu considero banheirão a segunda opção [...], e, nesse caso, nunca rolou. Sou muito medroso...".

Desconforto, violência, DSTs, fidelidade no namoro ou a simples falta de interesse também estão entre as razões da galera que largou ou nunca praticou o "esporte". "Não digo que nunca vou fazer, mas não me diz nada", declara o analista de sistemas Renato Barbosa*, 47. "Notei que as pessoas que praticam isso são potencialmente portadoras de doenças venéreas", diz o administrador José Vieira*, 25.

"Comecei no banheirão", conta o radialista Ricardo Zaragoza*, 33. "Já ia equipado com gel e camisinha, embora rolasse um bareback ferrado lá. Oral, naquele tempo, tudo sem preservativo. Gozar na boca e o cara engolir era normal. Hoje, não sei. Comecei a namorar, cur-to fidelidade... e passei a ser mais consciente".

O estudante Rafael Garrido*, 19, foi vítima de violência. "Estava numa cabine [...]. Espiei um cara, e ele parecia estar se oferecendo. Passei a mão na perna dele. Ele ficou muito puto. Quando saí da cabine, estava me esperando com uns amigos e deu uns tapas no meu rosto", mas, Garrido não se deixou abater: "a sensação que tenho é a de que, desde pequeno, eu já via o banheiro como um local potencialmente sexual".


Meninos, eu vi!
Era uma quarta-feira, 22h30. O repórter que vos escreve segue em direção ao banheiro abaixo do nível da rua e do terminal de ônibus anexo. Há dois mictórios, duas pias para lavar a mão, quatro cabines e um zelador. A movimentação de homens é incomum.

Um deles, de barriguinha, mochila nas costas, calça azul e camisa social, está claramente "caçando": balança o pênis várias vezes depois de "urinar". Há também outros "caçadores". Eles permanecem às portas das cabines - uma delas, por sinal, já ocupada por quatro pés - e esperam. Um deles carrega uma maleta.

O homem de calça azul vai à pia e lava as mãos demoradamente até outro rapaz, de calça preta, ir ao mictório. É a deixa para o primeiro voltar e, de olho no outro, reiniciar o balanço peniano.

Percebo que o de calça preta não lhe dá chance, mas ele não chega a recolher o membro. Um rapaz alto, de boné e "jeito de boy" toma o lugar do outro. Em segundos, a mão vai ao pênis que balança. Decido sair.

Lá fora, depois de alguns minutos, percebo que o zelador deixou o banheiro e espera do lado de fora (!). Volto a entrar. Os caçadores se revezam e dominam o ambiente. São diferentes no tipo físico, na roupa, na idade. O boy agora está à porta de uma cabine. O da maleta, também. O de calça azul retoma a rotina de balançar a genitália.

Esse banheirão, que não foi o único observado por mim, fica anexo a uma conhecida estação de metrô e é paradigmático em muitos pontos.

É o caso das práticas - por ordem de frequência: masturbação mútua, sexo oral e penetração - e variedade de personagens. "Já vi todo tipo de gente, de idade, de condição financeira, de aparência", diz o estudante Garrido. "Varia de acordo com o lugar em que você está. Em um shopping na região da Avenida Paulista, há caras mais abastados".

O psicólogo e terapeuta sexual João Pedrosa, 50, comenta essa estratificação: "os frequentadores dos banheirões públicos ao ar livre são de origem proletária [...]. Já nos centros comerciais (shoppings), são de classe média".

O fato, porém, é que há banheirão para todos. "Simplesmente, [...] existe em todos os lugares do mundo", diz o psiquiatra Bernardo de Gregório, 44.

Outro paradigma é a forma de comunicação. "Por causa do risco, a comunicação tende a ser não-verbal e o mais discreta possível", diz de Gregório - e, vale dizer, as técnicas de abordagem podem ser bastante similares.

"O mais comum é usar o mictório como vitrine, onde se exibe o membro ereto, e a troca de olhares, que leva [...] à cabine. Quando há reservados dos dois lados, quem está a fim fica com a porta entreaberta e mostra o dote; quem gosta entra. Já para a rejeição, é simples: sai-se de onde está, ou põe-se o pau dentro da calça", explica Lukas Andrade*, 24, que se declara com ampla experiência no assunto.

"Quando os homens estão a fim, eles endurecem o pau; outros balançam, se aproximam, falam alguma coisa como tá afim? ou simplesmente chupa!. Eu olho pro cara, olho pro pau. Se ele não esboçar reação contrária, me aproximo e meto a mão!", conta o funcionário público Daniel Costa*, 49.

"As piscadas e passadas de língua nos lábios funcionam muito bem [...]. Também acho legal olhar a bunda do cara ou alguma característica diferente, como uma tatuagem, para ele se sentir desejado", diz Rafael Garrido.

Razão e sensibilidade
No entanto, além da diversidade e das técnicas, está o óbvio: em coro com o próprio Rafael, muitos vêem o banheiro com "olhos sexuais" e concordam que vale a penar correr os riscos. Por quê? "Para se saciarem sexualmente de forma anônima sem estabelecer vínculo", responde João Pedrosa. É dele a expressão que abre esta reportagem. O psicólogo explica que "onde houver gays, haverá banheirão" porque "vivemos num mundo homofóbico".

"Todo grupo social que é perseguido desenvolve estratégias de sobrevivência", prossegue o terapeuta. "Foi uma forma que os gays encontraram para fazer sexo ou se excitarem sexualmente, já que não têm liberdade de exercer livremente sua sexualidade. É um contra-controle exercido pelos gays em resposta ao controle exercido pelas agências que reprimem a prática homossexual: governo, religião, educação, dentre outras".

Ricardo Rocha conhece esse contra-controle. Hoje com 59 anos e fora do circuito dos mictórios, ele começou a freqüentar banheirões "ainda na ditadura militar". Ricardo explica que "não existia patrulhamentos em cima da promiscuidade. Isso começou apenas quando o gay resolveu se inserir na sociedade heterossexista e comprou todos os valores dela [...]. A ideia, entre os militantes da época, era que podíamos criar uma nova sociedade".

O principal motivo para "fazer banheirão" é mesmo a busca pelo sexo anônimo, de acordo com nossos entrevistados. Mas, como se vê, o porquê dela comporta diferentes razões. O analista de RH Luís Amaral*, 25, cita o aspecto financeiro: "em muitos casos, as pessoas fazem por não ter grana e nem local privado".

A própria resposta à homofobia pode variar e ir da atitude libertária a problemas de autoaceitação. "Ainda que seja uma generalização, pode-se dizer que tal prática acaba sendo mais comum para pessoas que não assumem totalmente sua própria sexualidade", diz de Gregório.

Lukas Andrade concorda: "Grande parte dos homens [...] é casada e mantém o lado homossexual apenas dentro dos banheiros". O rapaz, no entanto, comenta duas outras motivações: a iniciação sexual e o fetiche. "É uma forma que muitos encontram de descobrir o sexo entre homens [...], mas tem uma grande parte [...] que é de gays bem-resolvidos que curtem o sexo anônimo, descompromissado".

É o caso de Daniel Costa. "Já passei por algumas situações, como você estar no reservado, alguém te pegar chupando [...]. Com um amigo, a polícia chutou a porta. Acho que o que me deixa excitado é exatamente esse risco. Sexo rápido, quase sempre oral, e o risco de chegar alguém". E você, já tem seus motivos?

Marketing pessoal
Quem nunca se perguntou se alguém liga para os números de telefone ou MSN dos recados que oferecem sexo gay nas portas e paredes dos banheiros? Fui verificar.

Cheguei a adicionar um MSN e ligar para um telefone. Na Web, o "Deus Grego" (pseudônimo) se descrevia como ativo, 23 anos, corpo definido. Manteve contato por algumas tecladas - mas sumiu depois que falei da reportagem.

No telefone, mais sorte: marquei entrevista! Emerson Correa*, 36 anos, manteve um relacionamento estável de 15, é garoto de programa há três e usa as portas como propaganda. Funciona? "Escrevo em vários banheiros! Recebo umas 15, 20 ligações por semana vindas de lá". Quem diria...

Tio da limpeza
Guardas, seguranças e até policiais cada vez mais fazem parte da paisagem do banheirão. "Hoje em dia, os banheiros públicos são pagos, e os privados são cheios de seguranças. Os estabelecimentos aumentaram demais o cuidado nesse sentido", diz Ricardo Zaragoza.

As "figuras repressoras" mais presentes, no entanto, são os zeladores e faxineiros. "Quase sempre tem alguém. Nos shoppings, os seguranças praticamente fazem uma ronda. Nos metrôs, os faxineiros costumam fazer barulho, limpando tudo", conta Rafael Garrido.

"Nos banheiros de praça, sempre há os zeladores: alguns, mais tolerantes; outros, nem tanto, mas aqui, na região, há um em especial que é extremamente liberal. Já transei com ele umas três vezes", conta Daniel Costa, demonstrando que nem sempre a coisa funciona como se espera.

É importante ressaltar que o SEGREDOS GLS UDIA não apoia esse tipo de comportamento. No artigo 233 do Código Penal Brasileiro, praticar ato obsceno – o que inclui sexo – em lugares públicos é crime, com pena prevista de três meses a um ano de detenção, ou multa.



14 comentários:

  1. Vc tem blogs de ativos de uberlandia

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  2. No Parque do Ibirapuera e Parque da Aclimação em São Paulo a noite rola uma pegação depois das 19h e ai vai ate as 22h ...so levar camisinha

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    1. é que nem aqui no parque do flamengo no rj,a putaria rola mesmo

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  3. Quem quiser meu número ta ai 8428 6632

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  4. curto homem maduro e casados ,sou de Caxias do Sul RS (54) 96021340

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  5. Todos os banheiros do shopping penha rolam! Menos o do cinema e o que fica perto das americanas (esse não tem aquelas portas com barulho). Agora o da praça de alimentação, gzuis! Muuuuuuuuuuuuuuuito bom!!!! SEMPRE terá alguém lá!!!!

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    1. verdade,já trabalhei na faxina e transei muito por lá a maioria é homen casado

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  6. tem de tudo no Parque da Aclimação e Parque do Ibirapuera SP - uma vez eu subi a trilha depois das 18h e vi um homem casado gostoso mijando ele vendo que eu vi perguntou o que eu estava olhando e ai eu pedi desculpa ai ele me chamou nervoso e pediu para mim mamar ele ai entre as arvores mamei o Coroa casado sem vergonha delicia pegação rola depois das 18h no Pq da Aclimação.

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  7. Quem for de João Pessoa/PB faça banheirão no hiper bessa

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  8. O importante e todos usarem camisinha,eu tenho hiv a 17 anos e sempre vi ali no parque. Dom pedro os ca carinhas metendo sem camisinhas forao varia veses.lembrem a vidA. Sem aids e muinto melhor

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  10. Sou do RJ, adoro mamar uma rola 21 9715-4450

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